ATA DA DÉCIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 15-5-2001.

 


Aos quinze dias do mês de maio do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, nos termos do Requerimento nº 056/01 (Processo nº 0977/01), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Daniel Gazit, Embaixador do Estado de Israel no Brasil; o Senhor Mário Anspach, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; o Senhor Samuel Burd, Presidente do Conselho Geral de Entidades; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Vereador Isaac Ainhorn, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem os Hinos Nacionais Israelense e Brasileiro, executados pela Fanfarra do Comando Militar do Sul, sob a regência do Mestre da Fanfarra, Sargento Sílvio Luís Machado e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PSB e PL, discursou sobre a história da instituição do Dia da Solidariedade ao Estado de Israel neste Legislativo, ressaltando a importância da presença, nessa solenidade, do Senhor Daniel Gazit, Embaixador do Estado de Israel no Brasil, e reportou-se à trajetória do povo judeu através dos séculos no intuito de construir o Estado de Israel, alicerçado nos ideais de paz e liberdade. A seguir, o Vereador Fernando Záchia convidou o Vereador João Antonio Dib a assumir a presidência dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, destacou a tenacidade do povo judeu em manter sua unidade étnica em todas as partes do mundo, salientando a contribuição histórico-cultural dessa comunidade, especialmente em Porto Alegre. Nesse sentido, homenageou o Estado de Israel, através do reconhecimento do trabalho de vários intelectuais judeus no desenvolvimento da Cidade. O Vereador José Fortunati, em nome das Bancadas do PT e PC do B, exaltou a participação da comunidade judaica na construção do Estado do Rio Grande do Sul, apontando para a importância da integração do povo judeu à sociedade porto-alegrense. Ainda, aludindo aos conflitos verificados no Oriente Médio entre palestinos e judeus, externou seu desejo de pacificação entre esses povos. Ainda, como extensão de Mesa foram registradas as seguintes presenças: do Rabino Mendel Liberow; do Senhor Iehuda Gitelman, Guia Espiritual do Centro Israelita Porto-Alegrense; do Senhor Guershon Kwasniewski, Guia Espiritual da Sociedade Israelita Brasileira - SIBRA; do Senhor Bóris Wainstein, Presidente da União Israelita Porto-Alegrense; do Senhor Henrique Feter, Presidente do Centro Israelita Porto-Alegrense; da Senhora Matilde Gus, Presidenta da Organização Feminina WIZO do Rio Grande do Sul; da Senhora Sara Guerber, representante da Na’Amat Pioneiras; do Senhor Daniel Sukster, representante do Keren Kayemet Le Israel - KKL; do Senhor Roberto Schotksi, Presidente da Hebraica Rio Grande do Sul; do Senhor Guedalhe Saitovich, Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul; da Senhora Túlia Ochman, representante da Associação Israelita Brasileira Maurício Cardoso; dos Senhores Israel Lapchik e Maurício Solibelman, ex-Diretores da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; do Senhor André Barqui, representante do Movimento Juvenil Habonim Dror; do Senhor Fernando D’Andréa, Delegado da Polícia Federal; do Senhor José Scharcansky, Presidente do Beit Lubavitch; do Senhor Jacó Halperin, integrante da Organização Sionista Mundial. A seguir, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Elói Guimarães, em nome das Bancadas do PTB e PPB, cumprimentou o Vereador Isaac Ainhorn pela iniciativa da presente homenagem, saudando o povo judeu pela resistência às adversidades enfrentadas ao longo da História, principalmente durante a ocupação nazi-fascista na Europa. Ainda, enfatizou a importância da presente solenidade para oportunizar um momento de reflexão sobre a necessidade de paz no mundo. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, lembrou o período de vinte e oito anos em que esta Casa homenageia o Estado de Israel através do Dia da Solidariedade a esse Estado. Ainda, reiterando as afirmativas dos Vereadores que o antecederam na Tribuna, justificou as razões deste Legislativo em realizar essa Sessão Solene e referiu-se à saga do povo judeu na construção de um país livre. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Daniel Gazit, que destacou a importância do registro hoje feito por este Legislativo, com referência ao Dia da Solidariedade ao Estado de Israel. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem o Hino Rio-Grandense, executado pela Fanfarra do Comando Militar do Sul, sob a regência do Mestre da Fanfarra, Sargento Sílvio Luís Machado e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia e João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, nos termos do Requerimento nº 56/01, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn.

Convidamos para compor a Mesa: o Ex.mº Sr. Embaixador do Estado de Israel no Brasil, Sr. Daniel Gazit; o Il.mo Sr. Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Sr. Mário Anspach; o Il.mo Sr. Presidente do Conselho Geral de Entidades, Dr. Samuel Burd, e o Il.mo Sr. representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional de Israel e o Hino Nacional Brasileiro, executados pela Fanfarra do Comando Militar do Sul, sob a Regência do Mestre de Fanfarra, Sargento Sílvio Luís Machado.

 

(São executados o Hino Nacional de Israel e o Hino Nacional Brasileiro.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, pelas Bancadas do PDT, PMDB, PSB e PL.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quebrando o protocolo, faço uma saudação especial ao Sr. Embaixador do Estado de Israel no Brasil, Dr. Daniel Gazit. Faço com muita satisfação e orgulho esta saudação, na medida em que, pela primeira vez o Dr. Daniel Gazit comparece a esta Cidade, na condição de Embaixador do Estado de Israel.

Quero dizer que o Senhor Embaixador representa um elo de uma corrente de representantes do Estado Judeu no Brasil. E esta Casa, a representação política da Cidade de Porto Alegre - o Legislativo Municipal - tem uma longa história de ligação com o Estado de Israel. E no curso desses anos, Sessões Solenes como esta são realizadas, aqui, nesta Casa. É tão marcante esta solenidade, que eu me atreveria a dizer que, se fôssemos consultar os Anais desta Casa, a respeito de manifestações, de reconhecimento à luta, de reconhecimento à independência do Estado de Israel, nós encontraríamos, sem sombra de dúvidas, mais de duas centenas de pronunciamentos no curso dessa história.

Quando aqui cheguei, como Vereador desta Cidade, no ano de 1986, já encontrava a tradição de homenagens ao Estado de Israel, tanto é verdade que isso foi solenizado em uma Lei Municipal do ano de 1991, que criou, aqui, na Casa, o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel. Eu me pergunto: - sobretudo nestes momentos difíceis em que vivem o Estado de Israel e o Oriente Médio - por que o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel nesta Casa? Os fatos falam por si só a respeito da procedência de uma lei dessa natureza. Por que um Estado necessita, não só de um reconhecimento, mas de eventos que marcam manifestações de solidariedade? É realmente uma situação singular, quando se realizam sessões, no curso desses 50 anos, desde a independência do Estado de Israel, e Sessões Solenes, posteriormente, instrumentalizadas em Lei Municipal. É natural a solidariedade se impor na medida em que, apesar da consolidação do Estado Judeu, no Oriente Médio, a sua condição de Estado, infelizmente, permanece no curso da história permanentemente ameaçado.

Dizia-me há pouco - e comentávamos com uma figura da nossa direção comunitária, o Dr. Daniel - que hoje é o dia 15 de maio, o dia seguinte; é o dia seguinte ao da independência do Estado de Israel, declarado no dia 14 de maio de 1948. E o dia seguinte foi o dia em que do norte, do sul e do leste, iniciaram-se as invasões e o não-reconhecimento do Estado Judeu por parte de seus vizinhos.

A palavra mais emblemática, mais enfatizada e mais referida pelo povo judeu é a palavra shalom, que sequer precisa de tradução, porque todos sabem o que ela expressa. Será que um povo, que tem nessa palavra a sua expressão maior, precisaria manter um permanente estado de alerta frente a uma situação de guerra constante? E que, apesar da constância das ameaças e da guerra, consegue construir um dos maiores exemplos de nação no Século XX e na própria história da humanidade, nascida dos escombros, das cinzas do holocausto?

Pois essa, Senhor Embaixador, é a nossa herança; não só a herança do povo judeu, mas também a própria herança de toda a humanidade, porque cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade nesse processo. A adversidade, os obstáculos sempre foram uma permanente em nossa história. O cativeiro no Egito, as perseguições em Roma, o Império Romano, a diáspora, a inquisição, os pogroms, e, culminando na maior tragédia vivida pelo povo judeu, o holocausto. E, em cima de toda essa realidade, de todo esse sofrimento, de todo esse padecimento, nós construímos este patrimônio, que é um patrimônio do povo judeu, que é um patrimônio da humanidade, que é o Estado de Israel. Por isto que shalom é a palavra emblemática para todos. Mesmo aqueles que se opõem ao Estado de Israel não podem ignorar que shalom sempre foi a palavra reafirmada por nós.

Nós obedecemos à Resolução da ONU, de 29 de novembro de 1947, que criou um Estado Judeu e um Estado Palestino. Pouco menos de um ano após essa partilha, cumprimos a nossa etapa. E a sucessão e o conjunto de dificuldades, de adversidades, de guerras, de mortes, de sofrimentos não nos abateu, de molde a forjar e construir o nosso presente e o nosso futuro.

Apesar da constância do sofrimento, das mortes, do terrorismo, aí está o Estado de Israel. E nós continuamos perseguindo, Sr. Embaixador, sim - e o mundo está atento - aquilo que é um sonho do povo judeu e de todos aqueles que amam um regime de liberdade, de democracia e que buscam também, a paz. É este o nosso objetivo, este é o nosso norte.

Eu diria, Sr. Presidente, que nós continuaremos perseguindo esse objetivo, da consecução de uma paz permanente e duradoura, não uma paz transitória que sirva apenas de estratégia para, depois, exterminar aquilo que é uma das mais belas construções do Século XX, que é o Estado de Israel.

Este é o nosso objetivo, este é o nosso norte, é isto que nós perseguimos no curso da nossa história. Apesar das nossas dificuldades e das adversidades, apesar de que, em alguns momentos, pensávamos que estávamos mais próximos da paz, ainda, infelizmente, nós observamos e constatamos que a paz ainda não é um objetivo tão próximo a ser alcançado - como aquilo que imaginávamos fosse possível há cinco ou seis anos - quando, há sete anos se celebrou importantes tratados de conversações e de entendimentos rumo à paz. Mas apesar disso tudo, nós continuamos acreditando que a sociedade, que o Oriente Médio, que os homens de bem, da humanidade, vão construir uma paz duradoura e definitiva no Oriente Médio como expressa a palavra, Shalom.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Equivocadamente, foi dito que o Ver. Isaac Ainhorn também falava pela Bancada do PSDB. Quem irá falar pela Bancada do PSDB, é o Ver. Antonio Hohlfeldt.

Só que, antes, Vereador, permita-me, até para que nós possamos fazer uma homenagem - e para mim, Embaixador, é uma honra poder presidir esta Sessão - pois nós temos na Casa um Vereador que nós, carinhosamente, chamamos do decano; Vereador de oito Legislaturas. Convido o Ver. João Dib para que presida esta Sessão, dê continuidade aos trabalhos presidindo, porque, certamente, irá enriquecê-la, pela representatividade que o Ver. João Dib tem, e que muito orgulha nossa Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em nome do PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nada melhor para falar de realidade e de presente do que falar de utopia. O não-lugar tem uma história longuíssima na tradição humana, mas talvez seja o Estado de Israel uma das raras ocasiões em que a utopia, o não-lugar conseguiu ser concretizado.

Esta Sessão iniciou-se com o Hino de Israel, não um Hino de Israel construído depois, mas um Hino de Israel que se construiu ao longo da luta por Israel, é mais do que qualquer hino, por isso mesmo, se tornou verdadeiramente um símbolo, um sentido de que é um sinal que se constrói ao longo de um tempo, atravessando milhares de anos; e se constrói também ao longo de lugares: cruzando milhares de quilômetros, desde a velha Rússia, o frio norte europeu, o guerreiro império austro-húngaro, e de todos os lugares, de todos os cantos, um pouco da Península Ibérica, da negra África, dos industrializados Estados Unidos e até mesmo do nosso Brasil.

Creio que boa parte dos senhores sabe que eu não sou judeu, mas sabem também que praticamente em todas as ocasiões em que eu posso estar aqui trazendo o meu depoimento, nessas Sessões, eu faço questão de fazê-lo. E por isso um equívoco, que não foi do Ver. Fernando Záchia, mas foi de uma mudança de planos de última hora - consegui mudar a minha agenda de aula, como professor que sou - porque fazia questão de estar aqui presente hoje.

Não sou judeu - quero repetir - mas de uma certa maneira me sinto sempre convocado, e por uma questão muito particular minha, vou ousar dizer aqui que tenho, exatamente, a mesma idade de Israel. E se eu me sinto, ainda hoje, jovem, fico imaginando o que não é essa tão pequena idade para a história de uma nação, sobretudo para a história de uma utopia, de um sonho.

Quero crer que esses sonhos e essas utopias são sempre fundamentais na história da humanidade, mas quero ter certeza de que sejam possíveis de serem concretizados, que cada uma dessas utopias, independentemente de pertencerem a um ou a outro individualmente, a uma ou a outra nacionalidade, elas são sempre utopias de todos nós. Até porque, para mim, Israel não está longe, não está lá no Oriente Médio! Israel está aqui, está no Bom Fim, está em cada pessoa da comunidade que conheci ao longo dos anos e que posso dizer - com muito orgulho - pude ser amigo.

Quero relembrar, aqui, hoje, gente como Carlos Scliar, Herbert Caro, Ran Soibelman, Maurício Rosemblat. Mas quero falar também de alguns que continuam fazendo esse sonho de Israel nos seus trabalhos, na sua arte, na sua luta de comunidade, nas suas utopias, começando pelo Samuel Burd, a quem conheço há tantos e tantos anos, primeiro como jornalista, no tempo dessa minha atividade cotidiana. Mas quero falar com carinho de alguém como Carlos Stein, que descobri como um belo contista nesta Cidade e, sobretudo, homenagear aquele que criou uma outra Israel nesta Cidade que é Moacir Scliar, com todos os seus romances, com tudo aquilo que ele foi capaz de tornar, da utopia de lá, a utopia daqui.

É assim, Sr. Presidente, Sr. Embaixador, meus amigos, que penso esse Dia da Solidariedade ao Estado de Israel. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. José Fortunati está com a palavra pelo seu Partido, o PT e pelo PC do B.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais autoridades presentes.) Meu querido amigo Mário Anspach, ao cumprimentá-lo quero cumprimentar a Federação que tu presides e que, sem dúvida nenhuma, é uma das Entidades mais atuantes, não somente do povo judeu em nosso Estado, mas que tem uma presença muito forte junto a história do povo gaúcho. Quero cumprimentar-te e cumprimentar todos os integrantes da Federação que completa os seus 40 anos. Quero cumprimentar e saudar, com muita honra e muito prazer o Embaixador Daniel Gazit que nos dá a honra da sua presença. Faço parte de um partido, o Partido dos Trabalhadores e falo, também, em nome do PC do B

 Também não sou da comunidade judaica, mas me sinto, hoje, enquanto tal, porque essa comunidade ao longo do tempo, especialmente nos últimos cinco a seis anos, acolheu-me com muito calor humano, com muita simpatia, e tenho orgulho muito forte de, quotidianamente, poder dialogar com esta comunidade, a qual eu tanto respeito. Por isso me sinto muito à vontade, em nome do meu Partido, em nome do PC do B em dar-lhe as boas vindas, e dizer o quanto é honroso para nós, moradores de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul, tê-lo entre nós.

Meu caro Embaixador, indiscutivelmente, esta é uma data emblemática de um povo; de um povo que, aqui, no Rio Grande do Sul, tem se mostrado extremamente ativo. Um povo que tem, sim, suas características peculiares, mas que não desconhece a realidade da nossa Cidade e do nosso Estado. Tanto é verdade, que ao longo do tempo este povo se traduziu com muito vigor, sempre com ações muito fortes na área social. Eu poderia aqui enumerar uma série de atividades que a comunidade judaica tem levado a efeito, olhando, sim, o fator social, como fator relevante da nossa Cidade e do nosso Estado. Poderia aqui falar do aspecto religioso, um povo que eu aprendi, também, a admirar pela forte religiosidade. Também freqüento as Sinagogas, e lá convivendo com tantos amigos, vejo o quanto é forte esta fé, uma fé que, naturalmente, não separa judeus, católicos, protestantes de qualquer outra religiosidade. Mas que acima de tudo pretende fazer com que todos nós tenhamos uma profundidade maior nas nossas reflexões enquanto seres terrestres. Um povo que tem uma atuação política fantástica. Temos nesta Casa, o Ver. Isaac Ainhorn, um representante da comunidade, muito forte, mas não somente o Ver. Isaac Ainhorn, tantos outros que ajudam a construir, politicamente, a nossa Cidade e o nosso Estado. E do ponto de vista cultural o Ver. Antonio Hohlfeldt já enumerou, sem dúvida nenhuma, várias personalidades que muito têm ajudado a construir a cultura deste Estado e deste País.

Destaco, com todo carinho, o meu amigo Moacyr Scliar, alguém com quem quotidianamente jogamos basquete. As pessoas acham incrível que o Moacyr Scliar jogue basquete. Quero confidenciar a todos uma coisa - ele faz uma cesta por ano, que é a cesta de Natal. Terminada a confidência, obviamente, ele é sem, dúvida alguma, a grande representação da cultura, que a comunidade judaica traz ao nosso Estado.

Também não poderia deixar de refletir sobre o momento angustiante que o povo judeu vive no Oriente Médio. Certamente nós, criados numa outra cultura e que estamos tão afastados do Oriente Médio, acabamos não compreendendo muito bem o que lá se passa. Mas tenho a convicção - e a tenho, exatamente por conviver com o povo judeu, com a comunidade judaica, na nossa Cidade e no nosso Estado - que, acima de tudo, o que move essa comunidade é a luta pela paz! Quotidianamente, ações humanas, ações concretas são feitas no sentido de buscar-se a paz. E tenho a confiança, tenho a consciência, tenho a convicção – mesmo nunca tendo ido ao Oriente Médio – de que o povo judeu quer, sim, acima de tudo, buscar aquilo que todos nós queremos, que é a paz mundial.

Por isso, mais uma vez, ao saudá-lo e dizer da honra que nos cabe com a sua visita, quero desejar vida longa ao Estado de Israel. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Queremos considerar, como extensão da Mesa, as presenças do Ex.mº Sr. Rabino Mendel Liberow; Sr. Iehuda Gitelman, Guia Espiritual do Centro Israelita Porto-Alegrense; Sr. Guershon Kwasniewski, Guia Espiritual da Sociedade Israelita Brasileira - SIBRA; Profº Bóris Wainstein, Presidente da União Israelita Porto-Alegrense; Sr. Henrique Feter, Presidente do Centro Israelita Porto-Alegrense; Sra. Matilde Gus, Presidenta da Organização Feminina Wizo do Rio Grande do Sul; Sra. Sara Guerber, representante da Na’Amat Pioneiras; Sr. Daniel Sukster, representante do Keren Kayemet Le Israel - KKL; Sr. Roberto Schotksi, Presidente da Hebraica Rio Grande do Sul; Sr. Guedalhe Saitovich, Presidente da Organização Sionista do RS; Sra. Túlia Ochman, representante da Associação Israelita Maurício Cardoso; Srs. Israel Lapchik e Maurício Soibelman, ex-Presidentes da Federação Israelista do Rio Grande do Sul - FIRGS; Sr. André Barqui, representante do Movimento Juvenil Habonim Dror, Sr. Delegado da Polícia Federal, Fernando D’Andréa e Sr. José Scharcansky, Presidente do Beit Lubavitch; Sr. Jacó Halperin, integrante da Organização Sionista Mundial.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PTB e do PPB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Trata-se de um ato solene extremamente importante, e devemos cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn, que tem, ao longo dos últimos anos - além de outros, como já enumerados desta tribuna - trazido para a Casa, a emulação do sofrimento do povo judeu. E quando o Ver. Isaac Ainhorn aqui destacava a solidariedade ao Estado de Israel, me ocorria também questionar, reflexionar sobre por que solidariedade ao Estado de Israel? Por que não solidariedade ao estado “x”, “y”? Por quê? É a indagação que nos ocorre. Mas é exatamente, Ver. Isaac Ainhorn, pelo sofrimento do povo judeu ao longo das décadas. O holocausto, toda uma história estóica do povo judeu. Talvez por isso shalom - a paz - seja uma procura permanente do povo judeu, mormente para nós, que acreditamos ser possível a paz. Nós acreditamos na paz.

Todos nós brasileiros, brasileiros-judeus, brasileiros-italianos, brasileiros-portugueses, enfim, todos acreditamos na paz.

Então este ato, esta Sessão Solene, Senhor Embaixador, é extremamente importante, porque faz com que todos comunguemos com esta procura permanente, de modo geral, da civilização, que é a paz. Precisamos da paz, e ninguém mais tem a experiência da necessidade da paz do que o povo judeu, que, ao longo do holocausto, pagou o preço e o sacrifício que todos conhecemos.

Portanto, é uma Sessão Solene de profunda reflexão, onde todos devemos elevar o nosso pensamento àquelas passagens da História, àqueles momentos de sacrifício, e, refletindo sobre estas realidades, todos estejamos, permanentemente, orando, rezando, proclamando a necessidade da paz.

Fica aqui a homenagem do Partido Trabalhista Brasileiro, e também falo em nome do PPB, aos presentes, para que continuemos, aqui, e em todos os lugares, buscando aquilo que ninguém mais que o povo judeu sabe o valor, que é a paz. A paz é fundamental para o desenvolvimento e para o progresso em todas as atividades.

Sr. Embaixador, senhores e senhoras presentes recebam, portanto, o nosso respeito, a nossa homenagem a esse povo, que, durante anos, pagou o preço da própria resistência. Recebam a nossa saudação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registramos, como extensão da Mesa, a presença do Dr. Jacó Halperin, que integra o Board de Governadores da Organização Sionista Mundial.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Há 28 anos atrás, pela vez primeira nesta Casa, homenageou-se o Estado de Israel. Tive o privilégio, na ocasião, de ser um dos oradores, requerente que fui da Sessão Solene. De lá para cá, ano após ano, com a presença do Ver. Isaac Ainhorn na Casa, repete-se esse gesto de solidariedade do Legislativo da Cidade para com o Estado de Israel, ou melhor, para com o povo judeu.

Hoje, esta tarefa, que é facilitada pela circunstância de nós sucedermos na tribuna ilustres oradores, entre os quais o Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. José Fortunati, o Ver. Antonio Hohlfeldt e o Ver. Elói Guimarães, se essa tarefa nos é facilitada por essa circunstância, dado que nós poderíamos tão-somente subscrever os conceitos aqui expedidos e com isso nós estaríamos cumprindo a nossa tradição de nos manifestarmos nesta ocasião, não se faz menos importante que nós subamos à tribuna nesta hora, em nome do PFL, em nosso nome pessoal, em nome do Ver. Luiz Braz, num momento em que a solidariedade mais se faz necessária.

É nesta hora em que parece que shalom está distante, que continuamos presentes na solidariedade. Não é um simples gesto, não é apenas um enunciado. É mais do que isso: é uma tomada de posição de quem compreende a saga judaica e que percebe as dificuldades momentâneas por que passa o Estado de Israel. E, como eu disse inicialmente, se o Estado de Israel está em dificuldade, se passa por momentos difíceis, se a paz para ele está longe, a comunidade judaica, como um todo, está sendo agredida, encontra-se preocupada e angustiada diante desse quadro. Por isso, eu não me furtei - ainda que sabendo que seriam desnecessárias as minhas palavras, pela eloqüência dos Vereadores que me antecederam - de vir à tribuna, em nome do PFL, para dizer que shalo,- nos nossos votos e nos nossos desejos - deve estar mais próximo.

A luta prossegue, e, prosseguindo a luta, prosseguem as razões que justificaram, ano após ano, esta Casa se reunir em solidariedade ao Estado de Israel. É esta a razão da presença da nossa Bancada, nesta tribuna: dizer, alto e bom som, a todo o povo judeu, à comunidade judaica da nossa Porto Alegre, a qual laços de coração me vinculam fortemente - muitos dos presentes sabem a que me estou referindo - pela minha vivência no Bairro Bom Fim. Pelos amigos que semeei na vida, muito me identifico com essa comunidade e a ela eu homenageio nesta hora, homenageando o Estado de Israel. Shalom Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Neste momento temos a satisfação de conceder a palavra a S. Ex.ª o Sr. Embaixador do Estado de Israel no Brasil, Dr. Daniel Gazit.

 

O SR. DANIEL GAZIT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Estou aqui frente a vocês, emocionado, honrado e agradecido, em nome do Estado de Israel. Por todos esses símbolos, da amizade e de respeito ao nosso Estado, com essa Sessão Solene que se realiza aqui a cada ano ao Estado de Israel. Estou muito honrado com esta cerimônia.

Desde o momento em que cheguei a Porto Alegre, me senti em casa. Andando pela cidade, vi nomes de ruas que se amam, homenageando o Estado de Israel, como Zeev Jabotinsky, nome do maior pensador e filósofo do movimento sionista, e Menachen Begin, nome do Primeiro-Ministro Israelense. Vi um parque que se ama, com o nome de Ytzaak Rabin, Primeiro-Ministro que morreu pela paz, que lutou tanto pela paz. Essas mensagens são símbolos da amizade que, Porto Alegre e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, prestam ao Estado de Israel e me emocionam muito.

Israel nasceu a partir de uma resolução concluída de uma Assembléia Geral das Nações Unidas, em 29 de novembro de 1947, cujo Presidente daquela Assembléia foi o gaúcho Osvaldo Aranha. Desde aquele momento estamos em uma luta que parece estranha, pois é uma luta pela paz, uma guerra pela paz. Estamos esperando que um dia, realmente, essa paz chegue. Repito, aqui, o chamamento aos nossos vizinhos palestinos, que deixem o caminho da violência e do terror e que voltem à mesa de negociações. Estou seguro que só assim vamos encontrar uma solução. O Estado de Israel quando nasceu, nasceu em luta, nasceu em guerra, mas nunca teve nenhuma intenção de conquistar outro território, de dominar outro povo. Todas as guerras que tivemos de fazer foram em defesa própria. E o que queremos agora é concluir a paz, é viver em paz, e para sempre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convidamos a todos os presente para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense, executado pela Fanfarra do Comando Militar do Sul, sob a regência do Mestre de Fanfarra Sargento Sílvio Luís Machado.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em nome do Presidente Fernando Záchia, quero agradecer a presença de todos, dizendo que esta data foi de comemoração, mas nós queríamos que, também, fosse de oração, para que os primos, os irmãos sentassem na mesma mesa dizendo "Salam", “Shalom”- Saúde e Paz! Muito obrigado.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h26min.)

 

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